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    domingo, 16 de outubro de 2016

    Intervenção de ALBANO PEDRO no acto de Lançamento dos Livros ASSIM NASCE UMA NAÇÃO e ENSAIO SOBRE A ESSÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E A MULHER na União dos Escritores Angolanos

    No acto do lançamento dos livros, iniciado a cerca de 17 horas, com a presença de amigos e convidados, as minhas palavras foram as seguintes: É honra poder contar com a presença de ilustres convidados e pessoas dedicadas a intelectualidade e espero que esta cerimónia seja sobretudo um encontro com os meus leitores e aqueles que querendo ou não dão de caras com os meus textos. Por isso vou me ocupar da minha parte como homem ligado a escrita deixando outras vertentes da minha vida para outros momentos. Com a minha estreia no mundo das letras com livros sobre sociologia e filosofia, surpreendi muita gente. Sobretudo aqueles que pensam que ALBANO PEDRO é um jurista a tempo inteiro (que pensa, dorme e fala apenas direito) como o meu amigo Lazarino Poulson que uma vez ao ser rotulado como escritor preferiu dizer que era jurista preocupado com ciência do Direito e não escritor como certa imprensa achava. Esperavam que fosse lançar um “Pensar Direito” como o meu amigo. É claro que não faltam textos jurídicos para juntar e lançar um “Vamos raciocinar Direito” para não plagiar o meu colega nas lides da docência do Direito Administrativo. Mas eu sempre disse, pelo menos a algumas pessoas, que eu nunca iria iniciar-me na escrita juntando textos saídos na imprensa, seria um facilitismo que não tolero em mim e de que jamais me perdoaria. Esperavam livro jurídico porquê? Porque para além de aparecer em público com matérias sobre o Direito, muitos pensam que eu apenas falo de leis (entre amigos, em casa, etc). Mas aqueles que são meus amigos reais (não do facebook) sabem claramente que não é verdade e por isso não foram apanhados de surpresa pelos títulos dos livros que estão aqui diante de vós. Aliás, muitos aqui presentes já leram textos sobre crítica de Arte, há quem se lembra certamente da minha troca de mimos com Patrício Batsîkama, o Filósofo e historiador de Arte, no Jornal de Angola em que nos digladiámos sobre o Etonismo por quatro edições consecutivas e também há aqueles que lêem ou leram muitas abordagens de temática política. Já assinei textos como analista político. Para surpresa, e aqui está, de muitos o que mais me apaixona são os temas filosóficos e políticos. É desses temas que mais discorro nos espaços mais íntimo. Eu faço parte de um círculo multiforme de amizade que ama tanto o debate que é capaz de estar numa festa com música dançante e alta a discutir questões de cultura geral. Estou lembrado da festa do 1º aniversário do meu primogénito em que apesar da música e do ambiente de festa, o Benedito Quintas, Sebastião Pascoal, Dionísio José, Paulo Aguiar, Gilberto Figueira, Adriano Cristóvão…só para citar alguns preferiam estar embrulhados num debate. Tal é a paixão por debates e contraditórios. Isso alastra-se para a minha própria família em que reconhece sinais evidentes de genialidade no caso do João Manuel Pedro que até é autor de um ditado que cito no livro e o Gaspar Manuel Pedro com o qual debato assuntos que chegam em Física Quântica e outras matérias estranhas aos debates comuns. Num círculo que criamos e que funcionava na casa do Fonseca Bengui, advogado e jornalista de craveira entre os da nova geração, era frequente levarmos horas e horas em debates que se descontrolavam no tempo e nos conteúdos. Havia entre nós, alguém que eu chamava de terrorista intelectual, o Pedro Mendes, Procurador e ilustre membro do corpo do Ministério Público, que polemizava tudo e de tal maneira que perdíamos o fio da conversa inicial. Aí tínhamos o Adriano Kilamba, o poeta que acaba de lançar Nas Lezírias do Bom-Jesus – um poemário de que se falava já na altura (finais dos anos 90), O Sebastião Panzo, essa alma de uma calma fenomenal que estaria bem se em vez do Direito apostasse em Psicologia, mas que nos tem orgulhado com as obras e conferências sobre motivação e empreendedorismo, a espera que recuperássemos o fio da conversa para nos situar. E lá vinha o Fonseca Bengui, como líder natural a repor a ordem com a sua têmpera de apaziguador. Lembro-me que quando conheci o Adalberto Bravo da Costa, antigo Líder da JURA e actual dirigente da CASA-CE na Huila mergulhamos num debate filosófico que começou perto das 17 horas e terminou as 5 horas do dia seguinte. Passamos a noite toda num diálogo empolgante e nenhum de nós bebeu ou bebia na altura. Com o Cláudio Fortuna, amigo e companheiro de longa data era frequente passarmos todos os dias a noite juntos a conversar e não havia estórias de namoros, bebidas e outros assuntos comuns. Eu e o Paulo Aguiar formamos uma sociedade comercial a SILVERADO que se iniciou na tradução e formação em língua inglesa do qual tivemos a experiência de fazer alguns milhares de dólares (não milhões) a partir do nada. Onde manifestamos o nosso génio empreendedor. Mas o que bem nos caracterizava era a partilha dos temas filosóficos. Sócios e formadores que éramos, ao invés de nos ocupar nos negócios passávamos horas e horas a debater filosofia e psicologia. Chegamos ao ponto de formar um círculo literário em que veio a juntar-se mais tarde Rafael Aguiar, actual líder da JPA – Juventude Patriótica Angolana, Romeu Aguiar, médico e Djan, Arquitecto por meio do qual produzimos muita poesia e prosa. É nessa altura que desenvolvo no essencial o ASSIM NASCE UMA NAÇÂO e escrevo as poesias e romances, alguns dos quais seleccionados para serem publicados até 2015. É certo que eu teria sido artista plástico porque frequentei o ensino médio nessa área na qual me vi vocacionado desde a infância. Exercitei desenho, pintura, enfim. Tenho desenhos (cartoon e BD) publicados no JA e com o Sebá (SD) e Lino Damião formamos os NACIONALISTAS em que mais tarde veio a juntar Veneno, Mwamby Wassaky, Lutandila Paxi e muitos outros. Mas acabei trocando tudo pela escrita, e penso em retomar a artes plásticas se conseguir ter uma Fazenda onde me possa reformar (temos liberdade de sonhar) porque infelizmente a nossa economia não torna rentável a actividade do artista devido a falta de estímulo e presença da iniciativa privada acarinhada pelas políticas económicas. A minha iniciação a escrita deu-se no final da infância (16 anos) nessa altura escrevi os primeiros poemas de amor estimulado pela minha professora de Língua Portuguesa na 6ª Classe Mutu-Ya-Kevela. Ela mandou um trabalho de casa. O meu foi o melhor, embora a minha fama na escola fosse devida ao desenho. Era um dos melhores no desenho livre e me lembro de rivalizar com Kabudy Ely, hoje artista plástico de referência na nova geração. Mas os meus desenhos raramente chegavam a exposição anual porque eram quase sempre alvo de extravio e furto de colegas preguiçosos. No ensino médio, foi a Dra. Irene Guerra Marques de quem obtive elogios ao mandar escrever um poema sobre António Jacinto. Nas fases em que me preparava para os testes de admissão na faculdade de Direito /UAN consegui ser admitido pelo Carlos Miranda no extinto Semanário Economia & Actualidade, encontrei um plantel de respeito para a pouca imprensa privada na altura (havia depois o Folha8, penso), tive a honra de escrever ao lado de D’Artanhã Fragoso, que acabou sendo porta-voz de Holden Roberto nos últimos anos de vida deste gigante do nacionalismo angolano, e sobretudo de Capela Tepa, então decano da Faculdade de Economia da UAN, eu escrevia política e ele economia. Estava também o promissor jornalista na altura que acabou sendo meu colega nas lides jurídicas António Kassoma (Nguvulu Makatuka nas redes sociais). Depois foi o Jacques dos Santos na Revista o Chá da associação Chá de Caxinde onde passei a escrever crítica de arte, pouco depois escrevo para o Jornal de Angola página cultural do Jomo Fortunato. É claro que não esperam que eu escrevesse política porque nunca iria ser publicada. Tudo critica de arte. Tendo sido extinta a Revista Comercio & Actualidade passo para A Capital, acolhido pelo Tandala Francisco. Nessa altura estou no 3º ano da Faculdade (há bons anos) e proponho a escrita de uma coluna jurídica O Ponto Jurídico. Lembro-me do Tandala Francisco ter sido incomodado por um professor da UAN para que não publicasse um não licenciado em Direito como eu. Ao que respondi que eu deixaria de escrever a coluna se o professor descobrisse falhas e se depois disso fizesse fogo cruzado comigo. Penso que o recado foi levado e desde então nunca mais fui incomodado. Mas a coluna acabou por sucumbir por incumprimentos meu. A faculdade apertava e iniciava as lides de consultoria e fazia conferências jurídicas. O Lazarino Poulson acabou ocupando o meu espaço na A Capital. Com o fim da licenciatura passei a assessorar o Ministro do Comércio e então a escrita publica entrou em banho-maria. Quando retomei a escrita, voltei a A Capital e publiquei a série de análise política Cartas aos Partidos Políticos. Depois da febre das eleições de 2008 passo a actuar mais intensamente na escrita e crio o blogue JUKLULOMESSO que hoje conta com uma média considerável de visitas diárias de internautas, sobretudo da diáspora. É nessa altura que publico no Club-K, de José Gama, incentivado pelo Cláudio fortuna que também escreve sobre urbanismo. Faço consultoria empresarial e oriento cursos de formação jurídica. É nessa altura que passo a escrever textos sobre Direito empresarial no Jornal Economia & Finanças. William Tonet já publicava alguns textos meus no Folha 8 e passamos a estabelecer a nossa amizade conversando sobre questões várias. Já namorava o Semanário Angolense para publicar os meus textos. A primeira tentativa foi ter publicado texto sobre o Graça Campos. Mas este meu conterrâneo bem duro não me enquadrou no seu plantel. Estava no auge com o seu excelente jornal e não queria patos na festa que celebrava a sua competência. Finalmente, o Salas Neto admitiu-me e começo a publicar a coluna “Da lei & Arredores” e hoje confesso que sou mais acarinhado pelo Ilídio Manuel do que pelo director que agora pegou moda de viajar e comer bacalhau lá na sua confraria com Kagim Bangala & Cia. Mas não me queixo da equipa. É excelente, sobretudo pelo polémico e grande amigo Celso Malavoloneke, pelas suculentas crónicas do Kanzala que agora decidiu fazer sanzala no facebook, Kagim bangala com um talento inigualável de contar estória, o Sousa Jamba, de uma regularidade surpreendente e tantos outros. Uma nota para a dedicação de Nunes Ambriz, o fotógrafo a quem o Salas Neto as vezes parece querer tirar o pão do meu mano quando também publica fotos nas suas crónicas. Então aconteceu que comecei a ganhar por texto de opinião publicado pela primeira vez e lembro-me do Salas Neto ter iniciado com alguma timidez a sua proposta de pagamento. Dentro de mim: “se soubesses que nunca ganhei nada por publicar textos de opinião social…”. Portanto, ASSIM NASCE UMA NAÇÃO e ENSAIO SOBRE A ESSÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E A MULHER comportam abordagens que de certa forma denunciam a minha paixão por assuntos filosóficos e de cultura geral. E por isso mesmo é que essas pessoas que citei e outras que não pude fazê-lo ganham espaço na nota de agradecimento do principal livro desta cerimónia: ASSIM NASCE UMA NAÇÃO e que na verdade comporta os elementos introdutórios do tema do ENSAIO SOBRE A ESSENCIA DA RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E A MULHER. Os leitores vão notar algumas gralhas, peço desculpas por elas e espero que não atrapalhem a percepção do conteúdo, como acredito que não vão, mas tive problemas com a equipa da editoração que é brasileira e que pensa e escreve o novo português e eu que não aceito me converter ao novo português, e ainda bem que Angola não aderiu, pelo menos por enquanto, e oxalá que nunca venha a fazê-lo. E aí se impôs uma confusão, compreensível para um iniciado como eu que resultou na manutenção algumas das gralhas que cometi ao longo da escrita. As gralhas são normais no processo de escrita sobretudo para pessoas que como eu tem a chamada criatividade no acto (falei sobre o Sebá – SD dessa rara qualidade nos artistas) que se caracteriza pela capacidade de criar e expressar a arte em simultâneo ao contrário de artistas com a criatividade para o acto (que pensa na arte antes de a expressarem) que constituem a maioria. Mas o ideal é sempre termos um texto impoluto e escorreito para uma boa e agradável leitura. Desejo portanto, e a pesar disso, uma boa leitura para todos. Obrigado! Luanda, 18 de Junho de 2014.

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